Lisboa e Tu
Hoje partilhámos Lisboa.
Hoje Lisboa partilhou-te comigo.
Foi estranho ter-vos juntos.
O meu amor eterno.
A minha paixão mais recente.
Ambos ali.
Complementam-se, digo-te.
As suas formas, a tua esqualidez,
a sua luz, as tuas trevas.
O seu esplendor colorido,
O teu sóbrio recato.
Lisboa.
Dela brotam palavras,
letras que me fervilham nas mãos.
Sons, cheiros que me alvoroçam.
A simplicidade que me tira o fôlego,
que me trava o sangue.
A exaltação.
Tu.
O teu profundo silêncio.
As tuas muralhas, os teus caminhos sinuosos.
Tu,
que me exiges olhos,
boca,
pele,
os seis sentidos, enfim.
Tu,
A complexidade que me dá a certeza
de querer transpor as tuas paredes,
percorrer os teus trajectos
com a calma que uma luta requer.
Lisboa e Tu.
Numa tarde de Verão.
Pudesse existir a perfeição de um momento
e longe dela não andaria.
Porque esta ficará certamente gravada,
mesmo que as palavras se percam,
no meu livro de memórias.
Susana Figueiredo, Julho/1999
Tu?
ResponderEliminarHá um ente inteligível - Lisboa - e um outro imprescrutável: "Tu".
Se não se trata de um alter-ego, a reflexão poemática torna-se impossível... para terceiros, claro está.
Quanto aos segundos, nem às paredes confesso :)
ResponderEliminarFair enough!
ResponderEliminar... e, ao fim de uma dúzia de anos, nem sequer prescreveu?
ResponderEliminarPrescreveu ao fim de 3 meses :)
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