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Cadernos de Lanzarote

Como será possível acreditar num Deus criador do Universo, se o mesmo Deus criou a espécie humana? Por outras palavras, a existência do homem, precisamente, é o que prova a inexistência de Deus. José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário I (2 de Maio)

Amarras

O que fazer quando tudo o que nos prende é ruído e não podemos fugir para o silêncio? 

Núpcias

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Uma inquietação de pólen suspende o voo da abelha. Capturo-a com os dedos da alma, e ouço-a zumbir na minha cabeça, num limiar de memórias que fazem parte de um verão carregado de amêndoas e alfarroba. Veio depois o zangão com o seu canto áspero; e entreguei-lhe esse corpo deitado na minha mão, queimado pelo sol do meio-dia. Assim, entre os declives da terra e os corais do olhar, esqueci um presságio de azul. Ter-me-iam confundido com um antigo profeta, desses que pedem a esmola de uma certeza em cada canto da vida; ou pedir-me-iam o nome de cada um deles para completar os livros de frases inaudíveis como as vozes apagadas pelo vento, como esse murmúrio nascido num eco de travesseiro, como o desejo gritado no instante do naufrágio: e em vão lhes confessei ter perdido todos os sonhos, e nada ter para lhes dar. Por vezes, digo, este pólen branco que sobra nas corolas secas do inverno serve de alimento aos famintos de amor: e vejo-os partirem pelos campos, em busca de ima

Casida de la rosa

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A rosa não buscava a aurora: quase eterna no ramo buscava outra coisa. A rosa não buscava ciência nem sombra: confim de carne e sonho, buscava outra coisa. A rosa não buscava a rosa: imóvel pelo céu buscava outra coisa. Federico Garcia Lorca

Mar

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Este mar que me acalma e me faz feliz. Mar Sonoro Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. A tua beleza aumenta quando estamos sós E tão fundo intimamente a tua voz Segue o mais secreto bailar do meu sonho. Que momentos há em que eu suponho Seres um milagre criado só para mim. Sofia de Mello Breyner Anderson

Overload

Tento fazer tudo. Quero fazer tudo. Chateio-me quando não faço tudo. Então vou fazer. Tenho a mania. E depois sinto-me doente como nunca me senti na vida. Vá-se lá saber porquê...

Há poços sem fundo?

Hoje diria que sim.