Inusitadamente...

Há prazeres inesperados... o melhor momento do meu dia foi sem dúvida os quarenta e cinco minutos que decorreram desde que entrei na auto-estrada seis até chegar a Valverde. Com a Catarina a dormir no banco de trás, o compasso da sua respiração pesada e o som das rodas no asfalto, pude ficar comigo e com os meus pensamentos, a apreciar a estrada e o breu da noite. Já mais perto do meu destino, tive que percorrer duas pequenas estradas ladeadas por sobreiros. A luz dos faróis naquelas folhas dá-lhes um ar quase etéreo, aprofundado pela ausência de tudo o mais à sua volta. De som. De cor. De gente. Um pequeno arrepio percorre-me sempre a espinha quando atravesso esta estrada, numa reminiscência de alguns filmes mais atemorizadores, mas reconforto-me por estar num espaço pequeno e quente, protegida de qualquer improvável acontecimento no exterior... falta-me sempre a coragem para parar o carro, sair e apreciar o momento. Mas sei que vou adorar o dia em que conseguir fazê-lo.

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