Solidão
Caminho devagar, diluindo-me na multidão de cores e cheiros da rua Nem mais, nem menos que outros, eu mesma Igual a eles. Olhos fitos num ponto do horizonte, que desejo alcançar a cada momento Porque só ele importa. Ali. Àquela hora. Nada mais. Um ruído, meio sussurro, meio estrondo, não sei, fez-me desviar o olhar Para uma porta. Ali, no meio, ignorada por todos os outros olhos que apenas fitam o seu ponto Porque só ele importa. Ali. Àquela hora. Nada mais. A porta é invisível , penso. A porta é invisível?, pergunto. Silêncio. Os ouvidos também fitam o ponto. Porque só ele importa. Ali. Àquela hora. Nada mais. Vou entrar, grito, num grito mudo para os ouvidos que fitam o ponto. E entro. E saio do outro lado, vendo a mesma rua, a mesma multidão, as mesmas cores. Cheirando o mesmo cheiro. E procuro o meu ponto. Não o encontro. Porque ele já não me importa. Ali. Àquela hora. Nunca mais. Estou livre para olhar em volta E olho. Com atenção. A multidão desfaz-se. Fica uma só pessoa. Uma co...