Amanhãs Previsíveis
Que fazer quando sou escravo e senhor de mim,
Da contiguidade de um mundo que
De tão grande, se torna ínfimo e sempre igual.
Que fazer dos ponteiros do relógio que teimam
Numa concebida mas inerente precisão.
Que fazer quando me encontro preso no meu eco,
Quando cada dia não difere do de ontem
Quando sei porque acho e porque sinto
Que o amanhã é igualmente previsível.
Saio de mim?
Fico comigo?
Não há um terceiro caminho?
Como posso eu, céptico, pensar que o futuro está traçado
Como posso eu, então, negar que o não está,
Mas não lutar e deixar-me à deriva?
Quero que o mundo cresça e me envolva em si,
Mas quero que me deixe à minha sorte.
Quero que tomem as minhas rédeas e que logo as soltem
Para que seja eu a fazer a cavalgada.
Quero que desenterrem a minha alma do seu túmulo
E que a devolvam então à vida,
Mas que me deixem vivê-la,
E desacertar o relógio.
Susana Figueiredo, Junho/2003
Porque usas a primeira pessoa no masculino? I wonder!...
ResponderEliminarPorque quando escrevi isto tinha em mente alguém que eu conheço que se enquadra nessa categoria/classe/género... no wonder...
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