Os fumadores das nove em ponto
São
nove horas. À frente de uma das torres de escritórios, lá se amontoam eles.
Olheiras profundas, rugas vincadas entre o nariz e o queixo, arcos perfeitos
que sulcam a fronte, quase todos magros, quase todos de pele cinzenta e
macilenta. Dia, após dia, após dia, a mesma rotina que toca de algum modo o
ritual. É para muitos o primeiro cigarro da manhã, geralmente solitário,
esporadicamente acompanhado por dois dedos de conversa. Segue-se em regra ao
parco pequeno-almoço no quiosque ali perto – uma bica e um bolo – e antecede
duas horas de trabalho, intenso mas desorganizado. São cinco minutos de
ensimesmamento, a pensar na vida, no dia que se segue, no que não foi feito na
véspera. Quem por lá passar atrasado, verá apenas um cinzeiro cheio, algumas
beatas no chão e sentirá um leve cheiro a tabaco queimado. É o rasto dos
fumadores das nove em ponto, que já se apinharam no elevador e desapareceram
até ao próximo cigarro.
Vim aqui parar ao sabor do acaso quando procurava imagens sobre Vilarinho das Furnas, visitei o seu blog "tempo, para que te quero?" e cá vim desaguar :)e ainda bem, posso afirmar! Gosto dos textos, fiquei admirador, e cá virei ver os novos escritos! :))
ResponderEliminarObrigado Eirado.
ResponderEliminarFaço minhas todas as palavras do caríssimo Eirado... excepto que não andei à procura de imagens de Vilarinho das Furnas mas sim de uma receita culinária adequada á crise. ;-)
ResponderEliminarPresumo que não fumes, Susana. Eu também não. E mais presumo que descreveste uma cena citadina ocorrida no átrio exterior de entrada na torre Oriente do Colombo, em Lisboa, Portugal, planeta Terra...
Beijim! ;-)
Giuseppe
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