Por um feliz dois mil e doze


Pode não haver grandes razões para pensar que dois mil e doze será um bom ano. Será mau, dizem-nos, será difícil, alertam. Sabemos que será, sentimo-lo diariamente. Pedem a muitos o impossível. Mas, acima de tudo, tentam destruir-nos a esperança porque se não tivermos esperança, não temos expectativas e quando não temos expectativas, a migalha que nos derem parecerá um banquete e se nos derem várias migalhas, os nossos estômagos diminuidos ficarão saciados e, como a memória é curta, tudo esqueceremos.

O que eu tenho a dizer em relação a essa ideia é o seguinte: por mais que nos digam que vai ser pior do que foi até agora, por mais que nos tirem a esperança, não podemos perdê-la. Jamais. Porque se perdermos a esperança, se perdermos a chama interior que nos motiva, que nos faz lutar na adversidade e contra ela, perdemos o que nos resta do nosso instinto. Somos seres racionais e a nossa maior força é a nossa inteligência. Como nos deixámos então ficar amorfos? Como deixámos nós de pensar por nós e passámos apenas a seguir a cabeça de outros? Temos cabeça para pensar, para questionar e sim, admirem-se, para gerar a mudança, mesmo que seja apenas uma pequena mudança. Temos que conjugar o instinto que nos leva a acreditar que tudo poderá ficar melhor com a inteligência e a racionalidade que nos permite tomar a mudança nas nossas mãos.

Dificilmente teremos uma solução para mudar as coisas no imediato. Podemos e devemos manifestar-nos, se assim o entendermos, podemos e devemos tentar participar nas iniciativas que vão surgindo para mudar alguma coisa, podemos e devermos sair de nós, da nossa pequena esfera de conforto, e juntar-nos a outros que connosco partilhem ideias ou ideais e tentar melhorar este mundo e esta sociedade podre. Não teremos resultados hoje, desenganemo-nos, mas temos que deixar de pensar apenas no hoje. Amanhã é dia. Para o ano é ano. O futuro é o futuro, para nós e para os nossos filhos e para os netos que virão um dia, e faz tão pouco sentido deixarmos o nosso futuro na mão de menos de um por cento de nós como o faz deixarmos nesses mesmos um por cento a riqueza que geramos, que produzimos com o nosso esforço, com o nosso árduo trabalho. Talvez possamos estar um pouco melhor que o vizinho do lado e, por isso, haver a tentação de pensar deixa-me estar quieto no meu canto, a fazer a minha vida, pode ser que não reparem em mim e que não me tirem o pouco que tenho. É legítimo, mas isso não pode impedir-nos de pensar - pelo menos de pensar - que se eu der a mão ao meu vizinho e se juntos nos levantarmos e tentarmos fazer algo, nem que seja pelo menos começarmos a falar um com o outro, partilharmos as nossas ideias e os nossos problemas, já estaremos a mudar algo. Seremos mais humanos e se nos aproximarmos da nossa humanidade, estaremos mais próximos de nós mesmos e, consequentemente, do controlo dos nossos destinos.  

Não está na minha natureza ser negativa. Não está na minha natureza baixar os braços. Gostava de poder fazer mais do que faço, mas sei que o pouco que faço é melhor que nada. Por isso, acredito que será um feliz dois mil e doze. Tenham esperança. Não deixem que tirem essa esperança de vós porque é quanto basta para nos dar força para fazermos com que o dia de amanhã seja um dia melhor.

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