Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2010

Um longo inverno

Eu gosto do inverno. Gosto de chuva e de frio, sobretudo se puder estar a descansar, a ver e a ouvir o crepitar do fogo numa lareira e a sentir o cheiro da lenha, a deixar-me embalar pelo barulho da chuva lá fora, fazer um grande lanche com scones e bolachas caseiras, daquelas que enchem a casa com o seu cheiro divinal. Mas também gosto da Primavera, cada vez menos presente, em que se sente a vida a surgir e a invadir de cor as memórias cinzentas que nos ficam dos meses anteriores. Sempre choveu na primavera, mas havia também dias de sol no inverno. Depois deste que passou, está a custar-me que o sol dos últimos dias tenha partido e com ele a primavera...

Para começar

Este é um dos meus poemas favoritos. Sei-o de memória apesar de não ser dotada para memorizar. Sei-o de tanto o contemplar, primeiro nas paredes do meu quarto, depois em pequenos quadros no escritório lá de casa. É do Pablo Neruda e parece-me um bom ponto de partida. O Teu Riso Tira-me o pão se quiseres Tira-me o ar Mas não me tires o teu riso Não me tires a rosa, a lança que desfolhas A água que de súbito brota da tua alegria A repentina onda de prata que em ti nasce A minha luta é dura e regresso de olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda Mas ao entrar, teu riso sobe ao céu a procurar-me E abre-me todas as portas da vida Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca. À beira do mar, no Outono, Teu riso deve erguer sua cascata de espuma E na Primavera, amor, Quero o teu riso como a flor que esperava A flor azu

Mais vale tarde...

Finalmente criei um blogue. É estranho que alguém para quem a escrita é algo tão essencial tenha resistido tanto tempo a criar um. Porquê? Ocorrem-me várias razões: dificuldade em mostrar o que escrevo, preferir escrever em papel, preguiça (sim, é verdade, também me assalta de vez em quando...), falta de vontade, etc, etc. Mas hoje estou em Évora, sentada ao pé da lareira, sem as distracções que costumo ter em casa e achei que, apesar de parecer um momento tão bom como outro qualquer, tem mais aquele quê que tem faltado... Não sei ainda o que vai ser, se vou conseguir mantê-lo, que tipo de informação vou publicar... logo se vê... o que importa é ter começado.