A velha

A velha que fuma num banco de jardim
Dedos tintos de nicotina
Melenas amarelas
A pele seca e curtida de longos e longos anos
A velha que fuma num banco de jardim
No meio da avenida
Lembrando Lisboa antiga
Antes bela, agora sulcada pelo tempo
A velha que fuma num banco de jardim
Recordando uma vida cheia
Ou vazia
Que agora é apenas espaço
Impregnado de fumo
A velha que fuma num banco de jardim
O corpo escasso de carne
Expirada com o fumo
A velha que fuma num banco de jardim
Para morrer depressa
Mas a morte não chega
Ou então, e apenas, para saborear um cigarro.

Susana Figueiredo, Jul/2005

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